sexta-feira, 29 de maio de 2009

Exposição Globalização e Direitos Humanos (Actividade do P.A.A.)




















Para que o final do ano lectivo seja sempre o começo de um novo caminho a percorrer, desejo a todos os meus alunos o maior entusiasmo para agarrarem o Futuro com o optimismo e a confiança que sempre estiveram na base do sucesso.
Publico, nesta página, algumas fotos da Exposição que construímos passo a passo, neste ano lectivo, vencendo a descrença e até a inércia de alguns de nós. É também o meu contributo para que o tempo não apague da memória aquilo que vocês construiram e que mais tarde talvez gostem de recordar.
Fico feliz por observar que este tipo de Projectos já deram frutos e lançaram algumas "sementes" que a nossa Escola tem o dever de alimentar, acarinhar e perpetuar.
A todos deixo o meu mais genuíno carinho, esperando que continuem a visitar o Blog sempre que quiserem. Continuarei atenta às vossas mensagens, mesmo que no próximo ano eu já não seja, eventualmente, vossa professora.
Poderão também pesquisar o outro Blog (de que vos deixei o endereço), para eventual apoio a alguns temas do 11º ano.

Um abraço sincero da vossa professora e sempre amiga.


































































































































quarta-feira, 22 de abril de 2009

Dossier 3º Período

A Educação deve ser o telos central de um Estado de Direito que tem por obrigação formar cidadãos aptos e conscientes para o pleno exercício de uma cidadania democrática. Não se acede à cidadania sem uma cultura de conhecimento, sem a aquisição de valores convertidos em acções no plano factual.
É necessário continuar a reivindicar que a Educação esteja na ordem do dia: na agenda de sucessivos governos que apregoam uma "paixão" sistematicamente adiada e ignorada.

Matriz Teste 3º Período:

Estrutura:

2 versões com igual estrutura:


Grupo I


2 textos


3 questões (de resposta curta) subordinadas aos textos.


Grupo II


3 questões de resposta curta e objectiva


Grupo III


1 questão de resposta extensa subordinada a texto: (comentário/esclarecimento de conteúdos expostos no texto).


Orientações de Estudo:


  • A matéria a integrar no teste vai da pág. 110 até à pág. 150 inclusivé.


  • O teste inclui matéria em revisão: as concepções éticas de Kant e de S. Mill; Ética, Direito e Política.


  • Um tema novo : a concepção ético-política de Aristóteles (até pág. 150).

  • não serão objecto de avaliação, neste teste, as concepções ético-políticas de J.Locke e de Rawls.

  • Deverão explorar, no vosso estudo, todos os materiais de apoio divulgados (incluíndo aqueles que já foram publicados, há algum tempo no Blog, as correcções de testes e tarefas e as páginas do manual indicadas); estão ainda divulgados, na Papelaria, outros materiais complementares sobre a concepção ético-política de Aristóteles: textos e esquemas/sinopse que serviram de suporte às aulas.

  • Nota: a aquisição dos materiais que estão na Papelaria é facultativa (já que se vinculam ao percurso do Manual).

Cotações:


Grupo I (10 valores: 3+3+4)


GrupoII ( 6 valores: 2+2+2)


Grupo III (4 valores) : Total 20 valores



Estarei atenta às vossas dúvidas a partir da publicação desta postagem.

Só mais uma palavrinha: A nossa Exposição está um sucesso (pena é que se tenha sujeitado, diariamente, ao vandalismo e à destruição: é um problema que persiste ano após ano e que, lamentavelmente, parece incontornável no seio das Escolas, suscitando a legítima interrogação sobre o modo como concretizam o seu papel e funções numa educação para a cidadania e para os valores e também sobre o modo como zelam pela concretização e promoção dos seus Projectos Educativos).


Mesmo lamentando este facto, PARABÉNS a TODOS e UM GRANDE ABRAÇO.


ESCLARECIMENTO de DÚVIDAS:

Inês:

Respondendo à tua questão direi que nem sequer vale a pena remeter para outros autores que, directa ou indirectamente são inspirados pela Filosofia utilitarista, como é o caso do autor que referes. O pragmatismo é, uma versão mais recente do utilitarismo.

Assim, o conceito integrado no esquema da pág. 129 remete, apenas, para a concepção utilitarista de Stuart Mill: como sabes, nesta teoria, ao contrário do que acontece com a perspectiva kantiana os meios podem justificar os fins, desde que as consequências das acções sejam úteis para o maior número de pessoas: assim, admite-se a instrumentalização dos indivíduos ( é um critério prático da moralidade que não exclui a possibilidade de pôr em causa direitos individuais, desde que as consequências desse procedimento favoreçam a felicidade do maior número de pessoas). Ora, esta perspectiva defendida por Mill subordina a moralidade ao critério da utilidade e das boas consequências de uma acção.

Este critério é totalmente oposto à perspectiva das teorias deontológicas da moralidade (como é o caso da de Kant); Nesta teoria nenhum ser humano pode ser instrumentalizado por outros, mesmo que as consequências dessa acção sejam benéficas para um número maior de pessoas. " Cada ser humano deve ser respeitado como um fim em si mesmo e não deve ser tomado como um meio para servir outros fins". É preciso não esquecer que a moral kantiana assenta no princípio do dever e assume o valor da dignidade humana como o valor supremo da moralidade: assim, não existe nenhuma causa ou finalidade que possa justificar, no plano ético, que qualquer ser humano na sua singularidade, possa ser tomado como um meio ( ou instrumento) ao serviço de outras causas, quaisquer que elas sejam.

Atenção:

(Conclusão da correcção da actividade iniciada na aula)

3. São exemplos de desobediência civil, manifestações públicas de carácter laboral/sindical, social ou cultural, ocupações de instalações, greves de zelo ou outras, etc. São exemplos de actos de objecção de consciência, acções individuais ( decididas no foro privado da consciência de cada sujeito) por motivos ideológicos, religiosos, etc. São exemplos de actos por objecção de consciência a recusa, por parte de qualquer cidadão, em cumprir o serviço militar por razões políticas, éticas ou religiosas; a recusa, por parte de um profissional de saúde em praticar um acto clínico que viole os seus princípios éticos como, por exemplo, o aborto ou a eutanásia, etc.

4. " Se a justiça social decorre do cumprimento de princípios de igualdade, no que respeita ao usufruto da liberdade e da riqueza e se esses são direitos sociais, devem ser considerados na elaboração e aplicação das leis, por parte dos Estados empenhados em combater as injustiças e assimetrias sociais, em prol da construção de sociedades mais justas na distribuição dos recursos e da riqueza. Os direitos fundamentais não podem nem devem continuar a ser entendidos pelos Estados de Direito contemporâneos como "privilégios" de sectores mais favorecidos da sociedade".

5. Nas sociedades contemporâneas as classes mais desfavorecidas sentem-se discriminadas e excluídas, por não terem acesso ao trabalho e às "regalias" associadas à integração socioprofissional das quais beneficiam os cidadãos profissionalmente activos e socialmente integrados.

Por outro lado, os que são profissionalmente activos e socialmente integrados, produzindo a riqueza e os recursos de que a sociedade em geral usufrui, pagam elevados impostos sobre o rendimento (e outras taxas associadas aos bens adquiridos), sentindo-se injustiçados por "sustentarem" os apoios sociais e financeiros dos quais beneficia uma grande franja da população que está inactiva e que sobrevive de apoios e subsídios, sobrecarregando as despesas do Estado.







quarta-feira, 18 de março de 2009

Correcção do 4º Teste Sumativo (Março 2º Período)

Versões 1 e 2

GRUPO I (Versão 1)
1.C
2.A
3.C
4.C
5.C
6.D
7.C
8.B
9.B
10.D

GRUPO II (Versão 1)
1.F
2.F
3.V
4.V
5.V
6.F
7.V
8.V
9.F
10.V
11.F
12.F

GRUPO I ( Versão 2)

1.B
2.D
3.C
4.C
5.B
6.A
7.D
8.C
9.C
10.C

GRUPO II (Versão 2)
1.V
2.V
3.F
4.F
5.F
6.V
7.F
8.V
9.F
10.V
11.V
12.F

Grupo III

(Versão1)

1. Sendo a moralidade uma faculdade associada à racionalidade, podemos concluir que, na espécie humana, é uma predisposição inata mas não estática: sofre uma evolução ao longo da existência (através do processo de socialização: integração e moldagem social. É nesse processo dinâmico que o conceito de pessoa adquire o seu significado ético uma vez que não se trata de uma simples individualidade, mas de um sujeito moral, entidade em permanente construção nas interacções que estabelece com os seus semelhantes; as aquisições e a aprendizagem social possibilitam ao sujeito moral o auto conhecimento
(uma percepção de si próprio) e a evolução da sua consciência moral, facto que determina a qualidade das relações que estabelece com os outros: de maior ou de menor respeito pela sua singularidade e pelas suas diferenças. (Na versão 2 : responde à questão 3)

2. A ética kantiana, sustentada em princípios racionais é, simultaneamente, uma ética formal porque não indica o que devemos fazer, em cada circunstância, (não indica conteúdos de acção) mas a forma a que as acções devem vincular-se para respeitarem o princípio universal da moralidade. No plano teórico (racional/conceptual) a forma traduz-se no puro respeito ao dever, manifestando-se, no plano da consciência, como uma representação do dever sob a forma de imperativo categórico . (Na versão 2: responde à questão 4)

3. Na perspectiva da ética kantiana a lei que funciona como guia da acção e lei universal da moralidade é o imperativo categórico.
O imperativo categórico é a representação da lei moral na consciência: essa representação manifesta-se no dever como regra universal da moralidade e é aplicável a toda a humanidade, enquanto regra ideal/racional das acções mesmo que estas, no plano prático, não concretizem essa orientação (própria de uma vontade autónoma), podendo manifestar outras tendências da vontade humana associadas a uma vontade heterónoma que não assume, nesta teoria, valor moral. (Na versão 2: responde à questão 5)


4. A ética kantiana associa a moralidade das acções à intenção/motivação ou máxima que as orienta. Assim, se a máxima que desencadeia uma acção estiver associada a interesses ou necessidades circunstanciais, que decorrem das relações entre o sujeito e a experiência, não estaremos perante uma acção verdadeiramente autónoma, desinteressada e livre (que se realize por respeito ao dever como princípio auto‑imposto por uma vontade que o estima e reconhece), mas perante acções em que a vontade é condicionada por pressões exteriores que se traduzem na necessidade ou no interesse a que a vontade é submissa. Essas acções assumem, nesta teoria, as designações de acções conforme o dever e contra o dever – não são acções livres, fruto de uma máxima auto-imposta e voluntariamente assumida, mas acções que respondem a inclinações heterónomas. (Na versão 2: responde à questão 1)

5. As teorias que assumem a felicidade como ideal da moralidade são, simultaneamente, aquelas que associam o valor das acções aos seus efeitos materiais (às suas finalidades e consequências reflectidas no plano empírico – no plano da experiência). Assim, para as éticas consequencialistas o fundamento da moralidade é, paralelamente, o da utilidade. Este critério aplica-se às acções cujos efeitos ou consequências produzam o bem estar, o prazer ou a felicidade de um maior número de pessoas. A teoria de Stuart Mill enquadra-se nesta perspectiva ao definir o princípio da utilidade como o princípio da maior felicidade e ao admitir a Felicidade como o fim para onde devem dirigir-se as acções morais. Neste sentido, a ética de Stuart Mill é, simultaneamente, uma teoria teleológica.
(Na versão 2: responde à questão 2).


Grupo IV
(Tópicos orientadores da dissertação:)

Identificar a teoria representada no esquema: ética racional, formal e deontológica de Kant.
Esclarecer a respectiva concepção formal e racional da moralidade: valorização dos princípios/máximas/intenções (formalismo axiológico/ético), em oposição às éticas materiais e consequencialistas (como a de S. Mill) que fundamenta a moralidade noutros critérios: finalidades/consequências e utilidade das acções no plano da experiência (plano empírico).
Referir, em articulação com o ponto anterior, que uma ética racional baseia-se em princípios a priori (da Razão), independentes da experiência.
Identificar o imperativo categórico como a lei que a razão dá a si mesma e esclarecer , mesmo que sinteticamente, os seus atributos: categórico/ absoluto/não hipotético/incondicional/universal.
Demonstrar o carácter deontológico da teoria, ao excluir da moralidade as motivações heterónomas e ao eleger como lei da moralidade o princípio racional do dever.
Explicar que a vinculação à lei moral (formal) como regra de conduta – remete para um ideal universalista da moralidade que, não conduzindo necessariamente à felicidade (no sentido comum e banal do termo) não a exclui, pelo contrário: a felicidade é associada a um horizonte mais elevado: o da liberdade (autonomia) e o da dignidade humana: ser feliz é ser digno e aquele que é digno porque assim o escolheu, não deixará de reconhecer nessa condição voluntária de dignidade um estado de maior felicidade.
Estabelecer a analogia entre uma vontade boa e uma vontade autónoma referindo-se, eventualmente, às 3 disposições da vontade; associar a vontade boa à disposição para a moralidade e à autonomia.
Referir que a teoria kantiana assenta no pressuposto do respeito pela pessoa humana na sua singularidade, recusando qualquer instrumentalização do homem ao serviço de outras causas: “cada ser humano deve ser tomado como um fim em si mesmo e nunca como meio, ao serviço de outras causas ou fins”.
Associar esta concepção a uma das formulações do imperativo categórico, citando-a (eventualmente):
“ Age sempre de maneira a tratar a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, como fim e nunca simplesmente como meio”.
FIM

segunda-feira, 2 de março de 2009

Auxiliares de estudo: 4º teste (Março)


















Para as éticas racionais (como, por exemplo, a ética kantiana):

O valor moral de uma acção reside na sua forma/intenção; nos princípios que orientam a vontade. Esses princípios recebem o nome de máximas.

Uma máxima é uma regra auto-imposta: um princípio subjectivo da acção.


A ética kantiana é uma teoria racional/formal porque privilegia a forma ou intenção das acções,independentemente das suas consequências materiais ou da sua utilidade.
agir bem, é agir orientado por uma vontade boa ( por puro respeito ao dever) reconhecido como imperativo ou mandamento da consciência: esta ética é uma teoria do dever/deontológica.

A vontade boa é uma vontade autónoma - que reconhece o dever, como lei moral e universal , alheando-se dos interesses e inclinações heterónomas ( ligados à experiência/ vivência / às necessidades materiais e às suas consequências).
Esta teoria é representante de um formalismo axiológico.

" Age por puro respeito ao dever, ainda que isso te prejudique, ou que não retires dessa acção qualquer benefício material".

O VALOR SUPREMO DA MORALIDADE NA ÉTICA KANTIANA É A DIGNIDADE.
INVERSAMENTE, PARA AS ÉTICAS MATERIAIS ( nomeadamente para a de Stuart Mill) O VALOR SUPREMO DA MORALIDADE É A FELICIDADE.

Para a ética material utilitarista/consequencialista de Stuart Mill:


O valor moral de uma acção depende dos seus fins/finalidades e das suas consequências: associa a moralidade à utilidade das acções - aos seus efeitos práticos; por isso entende que a moralidade implica adaptar as acções às circunstâncias e às necessidades de cada momento (Relativismo axiológico) desde que as suas consequências se dirijam à felicidade da maioria e à utilidade.

Esta teoria é representativa de uma ética material ( porque não se abstrai das condições da experiência/vivência; é teleológica ( porque avalia a moralidade das acções em função dos seus fins; ("telos" = " fim"). É ,ainda, uma teoria consequencialista porque as avalia em função das suas consequências/resultados.

Agir bem (na óptica desta teoria), é adequar as acções às circunstâncias materiais em que estas se realizam e aos efeitos que têm: " uma acção é boa/útil quando contribui para a felicidade do maior número de pessoas". Nesta ética o princípio da utilidade é o princípio da maior felicidade , entendida como a obtenção do bem-estar, do prazer. Por esta razão a teoria de S. Mill representa também um modelo hedonista ( do grego hedonê = prazer).

O valor supremo da ética utilitarista/consequencialista de S. Mill é a felicidade - o bem-estar da maioria, mesmo que cada ser humano ( ou as minorias) possam ser tomados como meios para atingir esse fim.

As 3 Disposições da vontade e as características do Imperativo Categórico na teoria de Kant:

Agir moralmente (virtuosamente) implica, com frequência, a ultrapassagem de conflitos inerentes à nossa natureza. O homem é composto por diferentes tendências ou inclinações que arrastam a vontade para a satisfação de necessidades, interesses e desejos muito diferentes e até, incompatíveis/opostos, o que determina a realização de escolhas:

a). Enquanto animal (estrutura orgânica e biológica) - a vontade humana é arrastada para a satisfação de instintos/necessidades primárias ( físicas/orgânicas e psicológicas), como a necessidade de alimento, de afecto, o impulso sexual, etc. Nisto consiste a tendência que Kant designa por "disposição para a animalidade". Esta disposição está associada à satisfação de necessidades e interesses - a vontade é heterónoma não assumindo significado moral.

b). Enquanto ser social (cidadão integrado numa sociedade) - a vontade dirige-se para a satisfação de necessidades relacionadas com os desafios sociais, com a integração e aceitação do indivíduo num contexto regido por normas, regras, padrões de conduta e pelo funcionamento das instituições: família, escola, mundo do trabalho, etc .Esta é a "disposição para a humanidade" - a vontade é heterónoma; também não assume significado moral.

c). Enquanto pessoa/entidade moral - a vontade é orientada por valores e princípios que o aproximam do seu próprio aperfeiçoamento ético: o sujeito dirige-se para a aquisição da sua própria dignidade e consistência de carácter, quando AGE por DEVER, (apenas por puro respeito ao dever/ desinteressadamente); esta é a "disposição para a personalidade - ou disposição para a moralidade" - única tendência que assume valor moral uma vez que é orientada por uma vontade autónoma/vontade boa (independente de necessidades ou interesses circunstanciais).

O IMPERATIVO CATEGÓRICO:

O imperativo categórico é a representação do dever na consciência do sujeito e exprime o carácter normativo (auto-imposto) da Lei moral.



Pode apresentar-se em diferentes formulações:


Ex: 1

" age apenas segundo uma máxima tal que possas, ao mesmo tempo, querer que ela se torne lei universal".

Ex: 2

" age sempre de maneira a tratar a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, como fim e nunca simplesmente como meio".

- Qualquer que seja a formulação do imperativo categórico ele representa, na consciência, o significado e o alcance da moral Kantiana: o valor supremo da moralidade é a dignidade e o mandamento expresso pelo imperativo, aponta para o respeito e preservação da dignidade própria e da dignidade do outro, como dever e carácter do homem virtuoso.

Características:


É um imperativo: é um mandamento (uma ordem) absoluto da consciência.

É normativo: manifesta-se como lei moral.



É a priori: princípio da Razão ( independente da experiência).



É categórico: É incondicional ( não é hipotético); impõe uma regra, excluíndo da moralidade outras hipóteses de acção - a moralidade traduz-se, apenas, nas acções por dever ( as que resultam de uma vontade autónoma).

É universal: o reconhecimento do dever, como regra da moralidade, é aplicável a toda a humanidade independentemente da sua concretização no plano das acções; a ética aponta para o plano ideal ( o plano do que deve acontecer) e não , para o plano do que acontece (plano factual).

ESCLARECIMENTO de DÚVIDAS:

Patrícia:

Apesar de teres colocado uma dúvida que, nesta altura do "campeonato," já não tem nenhuma razão substancial para existir ( uma vez que esse conceito - "empírico" tem sido integrado e esclarecido em, praticamente, todos os conteúdos programáticos trabalhados desde o início do ano ( na Acção, nos Valores, etc.), aqui vai um breve esclarecimento e algumas sugestões: um estudo mais atento de todos os elementos de apoio incluíndo o Manual e a simples consulta de um dicionário de Filosofia, resolveria dúvidas deste género.

- " Empírico" - em qualquer contexto, refere-se ao que é dependente da experiência ( e, portanto, a posteriori) ; por exemplo, a maior parte das noções/conceitos das ciências da natureza têm uma origem empírica, isto é, começam por ser formados a partir da sensibilidade, através da observação dos fenómenos. O mesmo não acontece com as noções das ciências racionais ( como é o caso da Geometria, da Lógica e da Matemática - que não vão "buscar" à experiência as noções sobre as quais operam). Os princípios da Ética Kantiana - são a priori ( isto é, Racionais: independentes e anteriores à experiência - são princípios da Razão). Nem todo o conhecimento tem a sua origem na experiência ( nem todo o conhecimento é empírico).

Espero que tenhas ficado mais esclarecida.

Bjs. e Bom Estudo!

Duarte:

Respondendo muito sinteticamente às duas questões colocadas:

As teorias utilitaristas (como todas as teorias), são sistemas de pensamento que nunca pretendem responder ou confinar-se a um só problema: a teoria de Stuart Mill, até pela sua contextualização histórica, reflecte os problemas do seu tempo - entre os quais, os direitos humanos e a abolição da escravatura. Todas as filosofias têm uma ligação à história (historicidade) e, por isso, não se desenraizam dos problemas da época em que surgem. Porém, o utilitarismo de Mill não esgota o seu sentido ( como teoria) apenas nessas questões, como será lógico concluír.

Quanto ao hedonismo - é uma perspectiva da existência ( e da ética em particular) - que assume a Felicidade/ o Prazer como valor supremo da moralidade ( e da vida). Esta perspectiva teve a sua origem no pensamento clássico grego - e é retomada pelo utilitarismo dos sécs. XVIII-XIX.

Tudo isto foi, também, objecto de explicação nas aulas e um estudo mais atento de todos os elementos indicados ajudar-te-á a superar dúvidas deste tipo.

Marta:

Todos os juízos expressam-se sempre sob a forma de uma proposição ( uma frase declarativa, afirmativa ou negativa); os juízos morais não constituem excepção: expressam-se sob a forma de proposições. No entanto, os juízos morais aplicam-se às acções (aos comportamentos) diferindo de outros juízos de valor, que se podem aplicar também a objectos ou outras realidades. Para emitirmos um juízo moral sobre um comportamento/acção, partimos sempre de um padrão ou critério valorativo (nosso ou com o qual concordemos). É neste aspecto que os juízos morais se contextualizam na matéria:

- Por exemplo, se analisarmos o acto de mentir segundo o padrão da ética de Kant, será sempre um comportamento condenável. Se, no entanto, o analisarmos segundo o critério das éticas utilitaristas esse mesmo acto "mentir" poderá assumir um valor moral e até poderemos emitir juízos morais favoráveis a esse acto se os seus efeitos ou consequências forem benéficos (em prol de alguém ou a favor de uma boa causa).


domingo, 22 de fevereiro de 2009

Matriz do 4º Teste Sumativo (Março) - 2º Período



Nota: Adquire folha de Teste na Papelaria


ESTRUTURA: 4 Grupos - 2 versões com igual estrutura.


Grupo I

10 itens de escolha múltipla



Grupo II

12 itens de classificação Verdadeiro/Falso (V/F)


Grupo III

5 itens de resposta curta e objectiva:(esclarecer afirmações)



Grupo IV

Interpretação e explicação de um esquema/sinopse, em resposta extensiva: (Tema para desenvolvimento/dissertação).



COTAÇÕES:


Grupo I: 1o x 4 pontos = 40 pontos: 4 valores


Grupo II: 12 x 0,5 pontos = 60 pontos: 6 valores


Grupo III: 5 x 10 pontos = 50 pontos: 5 valores


Grupo IV:


1 x 50 pontos = 5 valores ( 3 valores p/conteúdos + 2 valores p/aspectos formais: qualidade da redacção/nexo lógico/ortografia)


TOTAL: 200 Pontos ( 20 valores)



CONTEÚDOS:


Valores e Valoração: a questão dos critérios valorativos


Valores e Cultura - a diversidade e o diálogo de Culturas: (multiculturalismo e interculturalismo)


A Dimensão ético-política:

- Intenção ética e norma moral

- A Dimensão pessoal e social da moralidade

- A fundamentação da Moral: abordagem introdutória a duas teorias:

- A concepção racional deontológica de Kant

- A concepção utilitarista/consequencialista de Stuart Mill



ELEMENTOS de ESTUDO:


Manual - páginas indicadas: da 69 até à 117


Actividades realizadas na aula / respectivas correcções


Elementos publicados no Blog


Registos do Caderno Diário


Fichas de Apoio distribuídas


Obsv: O estudo deve ser acompanhado de produção escrita (quer extensiva, quer construíndo sistematizações/esquemas).


Ao longo do estudo, deverás registar (por escrito) as tuas dúvidas para posterior esclarecimento.


BOM TRABALHO!

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Projecto Blogermania (Reposição da Postagem Inicial)



O que é o FILODIÁLOGO ?



O Filodialogo é, na realidade, um Filotopos: um lugar para a aprendizagem dialogada da Filosofia (e não só) em contexto escolar. À semelhança de outras Actividades desenvolvidos anteriormente no âmbito do Projecto "Blogermania", pretende crescer e iluminar‑se com o contributo de todos os alunos/professores / encarregados de educação que nele procurarem encontrar uma forma diferente de trabalhar, dialogar e encurtar distâncias.

Pretende, também, prolongar uma Plataforma de comunicação e criatividade já iniciada em experiências recentes e que foram gratificantes, mas também divertidas, para todos os intervenientes. Para isso, é necessário que fiquem desde já com o endereço deste Blog que vos permitirá diversificar os métodos habituais de estudo e de comunicação ao longo do ano lectivo.

Aqui fica o endereço: filodialogo.blogspot.com



Também poderão espreitar o Blog desenvolvido nos dois anos lectivos anteriores (para alunos dos 10º e 11º anos) no seguinte site: filosofia-10ano.blogspot.com



Quinta - feira, 2 de Outubro de 2008


2º Período - Ética, Natureza, Cultura e Valores (Texto)

Fig.1 Menina e Abutre (África) Fotografia Kevin Cartner

Fig.2 Menina Afegã

Fig. 3 Raparigas Mursi - África (ritual da Primavera e da Iniciação sexual)

Fig. 4 Homem Mursi com I pod ( Aculturação)

As normas morais mudam de sociedade para sociedade, e modificam-se no decorrer da história. O antigo guerreiro considerava altamente moral fazer uma incursão em território inimigo e trazer de lá a cabeça dos adversários mortos. Os Romanos consideravam digno e meritório pôr a ferros os chefes dos exércitos derrotados, arrastá-los atrás do carro dos vencedores, e depois destruí-los. A nós, isso parece-nos um acto inútil, cruel e mesquinho. Os inquisidores torturavam as feiticeiras e depois queimavam‑nas numa fogueira, convencidos de proceder em nome de Deus. Nós ficamos horrorizados.A variedade dos costumes, as suas transformações no tempo demonstraram-nos que não existe um direito natural. A natureza não prescreve nada. A natureza não conhece a lei da sobrevivência do mais hábil. Só sobrevive quem conseguiu fugir às inúmeras insídias do ambiente, às infinitas armadilhas que lhes são estendidas pelos outros seres vivos. Quem conseguiu comer sem ser comido, quem conseguiu expulsar do seu nicho ecológico o concorrente mais perigoso ou conviver astutamente com ele. Quem conseguiu vencer os seus adversários na competição sexual, procriar, difundir o seu património genético.Tudo é competição. Pelo território, pela comida, pelo sexo. E a competição desenvolve-se não só entre indivíduos, mas também entre sociedades organizadas como no caso dos insectos.Ou então entre órgãos, mesmo a nível celular, entre espermatozóides. Esta competição não se desenvolve na base de princípios cavalheirescos ou seguindo regulamentos imutáveis. Cada nova espécie viola as regras anteriores, dá-lhe voltas, dá à competição novas formas. Os estratagemas para se conseguir a sobrevivência assumem todas as formas possíveis, e parecem-nos bizarros, geniais ou monstruosos.Também nós, apesar da nossa cultura e da nossa moral, damo-nos conta de que estamos envolvidos nestas forças primordiais, na guerra e na fome. Quando a fome destrói os nossos sentimentos morais, transformando-nos em feras empenhadas numa luta sem quartel pela sobrevivência. [...].A teoria do gene egoísta, elaborada pelos sociobiólogos, diz que os indivíduos não agem para maximizar a própria utilidade pessoal, mas para difundir os seus próprios genes. São os genes que utilizam os indivíduos para sobreviverem e se reproduzirem. Mas os genes são moléculas e não têm uma moralidade do tipo humano. Os homens julgam seguir os seus próprios princípios morais, quando na realidade obedecem apenas às exigências dos próprios genes.A solidariedade social, segundo esta teoria, pode ser considerada um meio para aumentar a difusão dos genes. Se um homem se sacrifica para defender os seus consanguíneos, o pai, a mãe, o irmão, a irmã, os filhos, renuncia a procriar mas, em compensação, favorece uma bem maior proliferação dos genes semelhantes aos seus. Do ponto de vista do gene, o balanço é positivo.A lealdade para com o grupo e o amor da pátria são, porém, todos explicáveis como consequência da selecção genética. Na competição pela existência, a ajuda recíproca favorece a sobrevivência das origens mais sociáveis. Contudo, nos momentos de grande escassez e de conflito violento, uma excessiva solidariedade e um excessivo altruísmo tornam-se perigosos. Nos campos de concentração não sobreviveram os mais generosos e os mais altruístas mas, frequentemente, os mais violentos ou aqueles que colaboravam com o inimigo.Nós somos filhos de quem se demonstrou capaz de sobreviver. Quem se comportou de uma ou de outra forma. Quem se comportou de outra forma não pode falar. Os seus descendentes não chegaram a nascer. E ressurge assim a pergunta que, de tantas formas perturbou o Ocidente cristão. Os pobres de espírito, os mansos, os bons, os puros de coração, aqueles que não defendem com unhas e dentes o seu território e a sua prole, combatendo contra o inimigo, que não o aniquilam quando é perigoso, que não disseminam os próprios genes a todo o custo, esses estão em desvantagem na luta pela vida e não deixarão descendentes.Apenas sobrevivem os filhos de Caim. Disse-o a sabedoria bíblica, Abel está morto. Apenas ficou Caim e nós somos a sua primogenitura. Também na evolução, todos aqueles que eram como Abel morreram. Com Abel a vida não se teria desenvolvido. Como se poderá continuar a repetir que Abel era bom e que Caim era mau? Uma moral que parte dos interesses e das necessidades, que quer favorecer a vida, encontra-se em sérias dificuldades para considerar boa a renúncia, a mansidão, o puro amor incondicionado.
Francesco Alberoni, Valores, Círculo de Leitores, 2001, trad. do italiano por Maria Carlota Álvares da Guerra, pp. 5-8.